Desde que recuperou os direitos políticos, muitas especulações rondaram o ex-presidente Lula (PT) em relação ao seu companheiro (a) de chapa nas eleições de 2022. Se falou em nomes mais a esquerda como Flavio Dino (PCdoB), Freixo (PSB) e Haddad (PT), e nomes mais ao centro como Paulo Camâra (PSB), Renan Calheiros (MDB), Henrique Meirelles (MDB) e até Geraldo Alckimin (PSDB), adversario de Lula em 2006.
Todos sabem que o sonho petista é uma formula semelhante a de 2002, quando Lula se aliou ao empresário José Alencar nas eleições, visando passar uma imagem de moderado. Conseguiu e foi eleito com 61% dos votos no segundo turno.
Hoje temos 2 nomes que podem repetir a dobradinha Trabalhador/Empresario, são eles Josué Alencar (filho fo vice de Lula) e Luiza Trajano. O problema é que o primeiro é candidato favorito a presidencia da Federação das Industrias e não pretende abdicar disso pela política, já a segunda deixou claro que não simpatiza com aventuras eleitorais, por mais sedutoras que sejam.
Com esse cenario restrito, surge no horizonte um nome até agora pouco falado, mas que conta com minha simpatia e com grande dose de pragmatismo: O deputado federal e ex-presidente da câmara Rodrigo Maia.
Maia está sem partido, pois foi expulso do DEM na segunda-feira 18 devido suas criticas a ACM Neto, presidente nacional da sigla. Tudo indica que ele vai para o PSD, de Gilberto Kassab e do prefeito do Rio Eduardo Paes.
Quando o PT governava, Maia era um dos seus maiores opositores no congresso nacional, votou pelo impeachment de Dilma em 2016 e na presidencia da Câmara tutelou políticas neoliberais pró-mercado.
Hoje opositor de Bolsonaro, Maia se encontrou com o ex-presidente Lula no Rio de Janeiro e se ofereceu para auxiliar a campanha petista, dialogando com os setores ainda resistentes a Lula, como parte do mercado e das elites, informou a jornalista Malu Gaspar no O Globo. Qualquer observador minimamente racional sabe que uma reviravolta dessas não vem a toa, obviamente Maia deseja ser vice de Lula nas eleições de 2022.
Seus motivos são previsiveis, o deputado precisa dar a volta por cima após a humilhante derrota de seu pupilo Baleia Rossi para Arthur Lira e o centrão, além da sede de vingança contra ACM Neto por sua traição, articular um palanque multi-partidario para Jaques Wagner (PT) na Bahia contra o DEM é crucial para a vendetta.
É previsivel que o nome de Maia encontre resistencia no PT, muitas suspeitas recaiem sobre ele devido o seu passado de oposição a Lula e Dilma, seu papel nas reformas neoliberais e seu silencio sobre o impeachment de Bolsonaro enquanto presidente da camâra. Todas essas críticas são legitimas e discutiveis, porém é impossivel negar o trunfo que seria o deputado como vice de Lula: A terceira via estaria fadada ao fracasso, já que um dos seus maiores entusiastas pularia do barco, mostrando uma incapacidade política/eleitoral. Outra virtude seria a confiança dos bancos e empresarios com o governo Lula, sem temor de radicalismo econômico ou guinada autoritaria.
Os mais pessimistas podem questionar: "E se Maia tentar um Golpe contra Lula via impeachment, da mesma forma que o ex-presidente Michel Temer fez com a ex-presidenta Dilma?". A possibilidade é real, porém improvavel. Dilma não é e nunca foi da política, é uma burocrata administradora, ela não dialogava com parlamentares e seguia uma doutrina dogmatica, diferente de Lula que é político, sabe articular e conversar com o centrão. Caso Maia arquitetasse uma traição, ele enfrentaria uma dura e dificil batalha contra o presidente Lula e provavelmente sairia derrotado.
Após esses pontos destacados, aponto que seria positivo e necessário ter o deputado Rodrigo Maia como vice de Lula em 2022. Espero que o PT e a coligação também cheguem a essa conclusão.
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