A vitória de amanhã
- enricommattos
- 29 de out. de 2022
- 4 min de leitura

Em pouco mais de 24 horas o Brasil conhecerá o seu novo presidente eleito. Durante 4 semanas, a nação sobreviveu ao segundo turno mais baixo e violento de sua história. Toda essa barbárie se deve ao desespero ensurdecedor da família Bolsonaro, ciente de que a derrota os aguarda.
Eles tentaram de tudo, se colocaram como benfeitores da nação brasileira, após 4 anos de caos e obscurantismo dentro de nossas instituições republicanas. É indiscutível que o Brasil atingiu o fundo do poço no mandato de Bolsonaro. Um clima de desordem institucional tomou conta do Brasil, aguentamos um presidente desagregador que abandonou suas responsabilidades de grande maestro nacional para cuspir nas nossas normas cívicas dia após dia. Um presidente que não consegue nem controlar a política de preços da maior estatal do país, um presidente saudosista do tenebroso período militar que matou e torturou jovens idealistas. Um governo que destruiu toda a política externa conquistada nas últimas décadas, alinhando o Brasil a Estados párias do cenário internacional, como Arábia Saudita, Hungria e Bielorrússia, além da implosão de pontes diplomáticas antes existentes com países democráticos. Hoje estamos muito mais isolados do que Cuba ou Venezuela, 2 fantasmas que o bolsonarismo tenta resgatar.
Um presidente que não é humano, que debochou e ironizou as mortes de compatriotas durante a pandemia da COVID-19, mortes evitáveis que trouxeram espanto e sofrimento a milhares de famílias. Um presidente que nunca desautorizou as alegações negacionistas de seus seguidores, fermentando toda a instabilidade que vivemos hoje, um clima de terror governamental.
Um presidente que nunca hesitou em favorecer o acesso ilimitado a armas de para qualquer setor da população, em nome de uma “causa moralista” esse mesmo presidente impôs uma desorganização nas políticas públicas de segurança, que resultaram em centenas de mortes desnecessárias e na reorganização do narcotráfico que agora pode simplesmente comprar fuzis. Tendo como caso mais notório, os tiros e granadas que o ex-deputado Roberto Jefferson disparou contra a Polícia Federal, resistindo contra uma ordem de prisão determinada pelo Supremo Federal Tribunal. O questionamento de decisões judiciais é outra herança maldita que Jair Bolsonaro deixa ao Brasil, com um clima de antagonismo de poderes consolidado. Tal antagonismo se deve pelo simples fato de que Bolsonaro e seus delírios autoritários tem pavor a constituição federal e à toda a Democracia como um todo.
Diante de uma conjuntura trágica como essa era esperado que a rejeição a esse mesmo presidente fosse unânime entre a população. Mas como o Brasil não é para amadores, não foi o que aconteceu. Inesperadamente, Bolsonaro conseguiu manter uma considerável porcentagem de eleitores, alcançando 43% dos votos válidos no primeiro turno. Além é claro da ampla representação partidária de sua coligação no congresso, com o centrão mantendo patamares altíssimos de cadeiras e figuras tenebrosas do bolsonarismo radical-ideológico conquistando vagas no Senado Federal. Por fim, tivemos aliados do presidente-assassino se elegendo governadores em diversos estados, como por exemplo Romeu Zema em Minas Gerais e Cláudio Castro no Rio de Janeiro. Essas vitórias da extrema-direita se devem a diversos fatores, começando pelo uso intenso e vicioso da maquina eleitoral em prol da candidatura de Bolsonaro, a criação de “programas sociais” e auxílios emergenciais só tem prazo de validade eleitoreiro, porém infelizmente boa parte da população se encontra enganada por essas promessas messiânicas (na verdade, o uso da máquina em torno de fins eleitorais, pode ser um plausível argumento para o fim da reeleição, um debate que se tornará relevante). Outro fator público e notório foi a propagação em escala industrial de Fake News e fatos distorcidos por conta da milícia virtual do gabinete do ódio bolsonarista, embora o TSE na figura do ministro Alexandre de Moraes e seus colegas tenha realmente se empenhado em combater as mentiras e com Lula contando com a imprescindível ajuda do experiente André Janones, não se pode subestimar o estrago que esses mecanismos imorais causaram perante o eleitorado. Por fim, a rejeição ao PT e seu candidato sempre existirá fixamente em uma significativa parcela do eleitorado, o ódio de classes e preconceito social por parte de uma elite escravista, fez com que ela retornasse vergonhosamente ao voto em Bolsonaro.
Mas mesmo diante de todas essas nuances negativas, ainda podemos dizer que o cenário é otimista.
Amanhã, o ex-presidente Lula chega como candidato favorito a cessar toda essa barbárie que nos tomou. Felizmente o nome dele está disponível para salvar a nossa Democracia nesse momento crítico de nossa história. Não é atoa que esse histórico personagem político conseguiu reunir dezenas de lideranças divergentes em torno de seu movimento eleitoral. Podemos citar como exemplo mais óbvio o seu companheiro de chapa, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, histórico adversário do PT que não teve medo se unir ao antigo desafeto em busca do resgate do Estado Democrático de Direito. A lista continua: Ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (que derrotou Lula 2 vezes), ex-presidente José Sarney, senador Jose Serra (adversário nacional 2 vezes), ex-deputado Roberto Freire, ex-ministro Henrique Meirelles, ex-ministra Marina Silva (adversária ferrenha do passado), ex-ministro do STF Joaquim Barbosa (relator do Mensalão), Felipe Neto e Anitta (maiores influencers do Brasil), Ciro Gomes (quarto colocado no primeiro turno), Simone Tebet (terceira colocada no primeiro turno, que não se acovardou em apoiar Lula pela sobrevivência da própria Democracia), etc. Além de relevantes figuras internacionais: Antônio Souza (primeiro-ministro de Portugal), Pedro Sanchez (Presidente do governo espanhol), Roberto Gualtieri (prefeito de Roma), Anne Hidalgo (prefeita de Paris), Alberto Fernandez (presidente da Argentina), Noam Chomsky (maior intelectual vivo), Bernie Sanders (senador dos EUA) e centenas de outros nomes.
Esses apoios em torno de Lula, não se devem apenas por simpatias ao seu programa de governo, mas também pelo reconhecimento de que ele é o único e último bastião de civilidade que separa o Brasil da ditadura. Ele é o único dos opositores que consegue solidificar novamente um profundo processo de reconciliação nacional de nossa sociedade, diante dessa complexa conjuntura. Fará um governo de transição e reconstrução, onde todos poderão ter voz e participação, inclusive para se oporem se essa for a vontade. Hoje, Lula não representa só sua figura, seu aprovado governo, seu partido ou o campo progressista como um todo, e sim toda a Democracia e sua consolidação em jogo. A vitória de Lula é a vitória da Democracia. A vitória de Lula é a vitória do Brasil.
E é por isso que amanhã Luiz Inácio Lula da Silva será eleito presidente novamente!
Hasta la victória siempre!
Vote 13!
Lula presidente!
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