No dia 3 de Novembro ocorrerá mais uma eleição nos EUA, após um tumultuado e questionável processo eleitoral, o vencedor muito provavelmente será o democrata Joe Biden, derrotando o presidente Donald Trump. Com esse cenário, pretendo nesse artigo avaliar a vitória de Joe Biden, sua carreira e também se isso é um exemplo para o Brasil.
Até o começo de 2020, Donald Trump do partido republicano era franco favorito para a reeleição em Novembro, o partido democrata chegava dividido, com diversos nomes postulando a nomeação: Michael Bloomberg, Elizabeth Warren, Kamala Harris, Bernie Sanders e Joe Biden, é claro.
Ninguém imaginava que o mundo todo seria atingido por uma pandemia de proporções gigantescas. Trump em seu estilo negacionista e arrogante, preferiu ignorar, minimizar e debochar da doença, como resultado os EUA hoje lideram a contagem de mortos global.
Com o crescimento do socialista Sanders, a grande maioria dos candidatos democratas endossou Joe Biden, posteriormente o próprio Sanders aderiu e hoje o partido está unido. Biden representa o centrismo moderado, foi senador de 1973 até 2009 e vice-presidente de 2009 até 2017, tem como companheira de chapa a senadora Kamala Harris que agrada os jovens e progressistas.
O candidato de 78 anos, hoje lidera as pesquisas contra Trump, principalmente nos estados-chaves, que são essenciais para a vitória no sistema de colégio eleitoral.
Frente a uma ameaça como Trump, Biden é uma esperança, ele pode representar o imperialismo americano e também pode ser decepcionante em alguns temas, mas representa uma reação dos americanos contra o perigo. Pode e deve restaurar a confiança no mundo, retomar conversas com a China e talvez até admitir a participação ianque no ilegal processo político que ocorreu no Brasil. O democrata também é civilizado, não tem preconceitos e evita vexames. Por isso mais do que nunca: Joe Biden para presidente 2020!
Mas agora, a eleição americana deve ser um exemplo para o Brasil? Resposta: Não!
No Brasil, temos um processo totalmente diferente dos EUA, aqui uma união entre todos os setores visando combater o Bolsonarismo seria impossível. Hoje temos diversos ramos políticos postulando a presidência, na esquerda temos no mínimo 2, no centro até 3 e o atual presidente notoriamente na disputa.
Uma conciliação seria incorreta, ela já foi tentada em 2002 e acabou dando no que deu em 2016, a elite brasileira historicamente nunca aceitou a ascensão social dos que nunca tiveram nada e não vai aceitar, hoje o chamado "centro democrático" está mais interessado na implementação de políticas econômicas liberais e a inclusão fica para o segundo plano.
O que deve ocorrer no Brasil não é a união imediata de todos em torno de um moderado, o país precisa de uma figura grande, conhecida, decidida e até um tanto polêmica. Uma figura que possa polarizar, que não seja fraca ou quieta.
Uma união deve acontecer, porém uma união por um bem maior: A restituição do estado de direito e do respeito a constituição e não pelo estabelecimento de um velho projeto elitista.
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