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A decadência humana sob os valores éticos judaicos-cristãos, a partir de uma ótica Nietzscheana



O indivíduo humano é o ser mais precioso e admirável da natureza. Espírito explorador, busca por fama, amor romântico, libido intensa e sede de poder. Todos esses fatores somados a outros de cunho sentimental, formam um humano pleno e autêntico.

Porém nos últimos 1.600 anos a humanidade vem entrando em declínio vertiginoso e depressível por conta da institucionalização dos valores judaicos-cristãos. Esses princípios se revelam na escala social, política, cotidiana e profissional. Eles se baseiam na institucionalização de um sistema de culpa e pecado que viola a vontade de potência do indivíduo, limitando toda a criatividade, talentos artísticos e orgulho de conquistas.

Para entender a crítica aos valores judaicos-cristãos, é necessário compreender como ele categoriza o certo e errado e também relacionar a conjuntura atual com o período ocidental anterior.

É uma dialética bem simples: Se a Idade Média impôs o atual sistema ético de crenças sociais atuais, o belo período anterior conhecido como Antiguidade Clássica prezava pelos valores éticos-morais greco-romanos. Nessa luta está o verdadeiro ponto de atenção: Judeus contra Romanos. Na Antiguidade Clássica, o bom era visto como o forte, o conquistador, o audacioso, que liderava e não tinha vergonha de admitir seus talentos e habilidades. Enquanto o mal era visto como a total oposição dos valores positivos, o mal estava representado no fraco, no conformista, no ignorante e estúpido, no covarde como um todo. A função social da religião na época era justamente reproduzir todo esse funcionamento social como justificativa metafísica. Vamos analisar os virtuosos deuses do Panteão greco-romano: Zeus/Júpiter não tinha problema em ditar as regras conforme sua vontade e sempre estava em busca de novas aventuras sexuais, Atena/Minerva era a representação da intelectualidade e da estratégia, visando seu máximo grau de influência, Hades/Plutão hierarquizava as almas no submundo com a intenção de favorecer os fortes nos Campos Elíseos e Ares/Marte coordenava a guerra, a violência e a destruição em uma época em que os meios produtivos eram baseados no conflito militar e escravidão. Ou seja: Todos os deuses eram imitações dos próprios comportamentos humanos aceitáveis e enaltecidos na época, os deuses serviam como fonte de força ao próprio indivíduo e a civilização como um todo, essa era a moral dos nobres, a mais pura vontade de potência. Após a queda do Império Romano, o acontecimento mais trágico e bárbaro da história, se deu início a Idade Média com a ascensão de uma nova instituição política/social no papel de agente centralizador: A Igreja Católica, e por consequência o início da era judaica-cristã que perdura até hoje. Se os valores greco-romanos representavam a moral do nobre, os valores judaico-cristãos afirmam a moral do escravo, o rebanho. O feudalismo passava a ser o novo meio de produção material, agrupando menores quantidades de humanos em campos fechados e rurais, praticamente extinguindo os grandes centros urbanos de florescimento cultural e artístico. Do ponto de vista ético, o Cristianismo é o sucessor do Judaísmo. A antiga religião abraâmica tinha como livro sagrado o Torá que foi anexado e redefinido na chamada Bíblia Sagrada. A base de sustentação desse novo mundo se encontrava na neutralização da vontade de potência, na exclusão dos desejos humanos naturais, no discurso moralista de submissão a instituição clerical e obediência ao divino monoteista. “Deus” deixará de ser uma fonte de força para os homens e mulheres, para se tornar um símbolo de fraqueza e submissão, um meio antinatural de se viver. Por que? Simples, nessa nova ordem judaica-cristã, a figura dos astutos sacerdotes papais buscava acima de tudo exercer seu poder de ditar as regras na vida cotidiana. A qualidade de vivência era precária e difícil devido à queda da civilização romana. Pessoas passavam fome, morriam de doenças, não existia mais força militar organizada nem festivais. Como ser feliz dessa forma? Apenas não sendo, não nessa vida. Os valores judaicos-cristãos surgem pregando a acomodação, obediência cotidiana e conformismo na vida material visando uma recompensa após a morte, o chamado paraíso. Esteja faminto, esteja descalço e desnudo, esteja sem dentes, sem moradia, sem armas e forçado a trabalhar na colheita, MAS SEMPRE VÁ A IGREJA TODO DIA DA SEMANA DE MANHÃ, OUÇA A PALAVRA DO BOM SACERDOTE, CONSUMA O CORPO DE CRISTO EM PÃO ESTRAGADO E SEU SANGUE EM VINHO BARATO, E ASSIM VOCÊ TERÁ A SALVAÇÃO NO PARAÍSO. Eis assim o modelo de ser humano da ética judaica-cristã, e continuo: NÃO COBICE A BELA DAMA DA VIZINHANÇA, NÃO OUSE PRODUZIR UM MODELO ARTÍSTICO SEM PATENTEÁ-LO NAS MÃOS DE DEUS, NÃO COMA UM PRATO A MAIS APENAS PORQUE SEU PALADAR O APRECIE INTENSAMENTE, NÃO SE ATREVAM MULHERES A AMBICIONAR UMA POSIÇÃO DE PODER, NÃO OLHE PARA OS BENS MATERIAIS COMO FONTE DE FELICIDADE, NÃO AME A SEUS AMIGOS E COMPANHEIROS MAIS DO QUE AMA A CRISTO E POR FIM SAIBAM QUE OS QUE DESOBEDECERAM ESTARÃO CONDENADOS AO INFERNO. São valores de negação, de privação e limitação, são antinaturais e controladores, não são feitos para nobres e sim para escravos. O cristianismo é isso, escravidão e conformismo, nada de beleza ou ambição, e vai além: A oposição a isso é punida com o inferno, já que em sua estupidez a humanidade não é densa e complexa, apenas um produto que pode ser reduzido ao maniqueísmo de Deus contra o Diabo. Aliás, que figura trágica é o Satanás bíblico. Expulso dos céus por sua ambição individual, amaldiçoado por proporcionar o fruto do conhecimento aos homens, criticado pela velha instituição por ser um suposto “tentador e sedutor”, o pai das trevas malignas. Perceberam? Todos os valores greco-romanos de vontade de potência e realização dos desejos estão agora associados ao inferno. O mal é o esperto, o mal é o intelectual subversivo, o mal é a mulher solteira, o mal é o homem ambicioso e também o mal é a não submissão a “Deus”. Diversas figuras metafísicas dos mais diversos politeístas indo-europeus foram reformulados como demônios na moral judaica-cristã, o próprio nome Lúcifer representava uma estrela diurna no céu de Roma Antiga.

É uma canalha inversão completa de valores em relação à antiguidade clássica que jogou a humanidade em um rito de fraqueza e perda de criatividade por 1.000 anos e que ainda hoje se mantém na esfera ocidental.

É público e notório que o Cristianismo perdeu a muitos séculos o centralismo católico e criou seitas protestantes, puritanas, neopentecostais, mórmons e ortodoxas, além é claro uma nova religião abraamica monoteísta chamada de Islamismo. Mas além de divergências técnicas teológicas, todas elas seguem a mesma linha de raciocínio em prol da moral do escravo. Hoje o capitalismo como modelo produtivo faz uso dessa linha de raciocínio submissa para continuar alienando o indivíduo em torno da sua exploração material, não é atoa que políticos de direita conservadora neoliberal prezam tanto pela chamada pauta da “família tradicional cristã”, somado com o discurso calvinista de pré-determinação divina à riqueza e salvação pós-morte, tais tópicos serão encontrados nos escritos de Max Weber. Combater o Cristianismo é também combater o capitalismo.

Devemos lutar pela criação de um novo mundo, um mundo dos fortes e ousados, um mundo dos criativos e astutos e um mundo materialista com foco na felicidade individual. Um mundo onde cairão a privação e a exclusão para serem substituídas por poder e desejo!


Enrico Minakawa de Mattos, 12 de agosto de 2023.



ADENDO: “I believe in the family With my ever-loving wife beside me She doesn't know about my girlfriend Or the man I met last night

Do you believe in God? 'Cause that is what I'm selling And if you wanna go to heaven Well, I'll see you right

You don't even have to leave your house Or get out of your chair You don't even have to touch that dial 'Cause I'm everywhere”- Jesus He Knows Me, Ghost (2022).

Let me give you a little inside information about God. God likes to watch. He's a prankster. Think about it. He gives man instincts. He gives you this extraordinary gift, and then what does He do, I swear for His own amusement, His own private, cosmic gag reel, He sets the rules in opposition. It's the goof of all time. Look, but don't touch. Touch, but don't taste. Taste, don't swallow. And while you're jumpin' from one foot to the next, what is He doing? He's laughin' His sick fuckin' ass off! He's a tight ass! He's a SADIST! He's an absentee landlord! Worship that? NEVER!”- John Milton/O Diabo (Al Pacino) critica os valores judaicos-cristãos no filme O Advogado do Diabo (1997).


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